Sobre tempo, pressa e pessoas.

       Dia desses, andando em um ritmo acelerado na rua (cada vez mais comum na minha vida e que eu me esforço para controlar) passei por um conhecido e numa tentativa de cumprimentar a pessoa e não parar de andar ao mesmo tempo, eu disse: "Oi, tudo bem?" e antes mesmo de terminar a frase eu já estava a "milhas" de distância da pessoa. Também reparei que conheço pessoas interessantes e que seriam possíveis bons amigos já a alguns meses e que basicamente não saí de uma relação superficial com nenhuma delas. Apesar de não ser super sociável, sempre achei o ser humano incrível e que era interessante conhecer (de verdade)  pessoas e raramente tenho feito isso (infelizmente). A pressa é inimiga da perfeição e o medo é o princípio do caos, já diziam uns. Quando não conseguimos enxergar no outro a nós mesmos ou no mínimo enxergar o outro, perdemos nossa identidade e consequentemente nossa humanidade, vivendo de forma robotizada.

    Não é raro nos pegarmos reclamando de como o tempo passa rápido, de como é difícil ter amigos verdadeiros no mundo de hoje ou do quanto está perigoso viver... Mas será que estamos tentando de verdade? Ou preferimos a inércia do nosso conforto? Achamos que o mundo está perigoso e violento, mas na verdade, o verdadeiro caos se instala dentro de nós. Em um país em que em média 25 pessoas se  matam por dia, a autodestruição em massa transformou-se em algo comum e o desespero de ficar só é cada vez mais iminente. O constante barulho interior nos ensurdece ao pedido de socorro alheio. Estamos surdos. E mudos. Todos os dias, temos  oportunidade de nos aprofundarmos em muitas relações pessoais, porém continuamos no "tudo bem sim. E você?" nosso de cada dia.

     Em um mundo que se divide em mortos e feridos, temos medo da exposição. - É claro que nos expomos com frequência em redes sociais e etc, mas não é essa a exposição a qual me refiro - . Desnudar o nosso íntimo, ter uma boa conversa e, depositar no outro nossa ínfima confiança torna-se cada dia mais raro. Não queremos ser fracos e revelar o nosso eu desconstrói muitas muralhas interiores, nos tornando mais frágeis, sensíveis...humanos. Sendo superficiais evitamos grandes estragos (caso algum "acidente de percurso" aconteça), porém perdemos riquezas e qualidades presentes especialmente nas relações humanas.

Portanto, não tenhamos medo de sermos humanos. Tenhamos fé.
Aproveitemos a vida e as relações que nela há, com calma e com beleza.


Relaxem e apreciem:


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